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ONE HEALTH ENQUANTO FORMA DE ESTAR E DE VIVER

por Bernardo Soares, Health Care Director

O conceito de One Health, apesar de discutido com maior frequência em tempos recentes, não é propriamente novo. Tudo começou com Rudolf Virchow, patologista alemão que aprofundou os fortes laços existentes entre a saúde humana e a saúde animal. Foi também Virchow que cunhou o conceito de zoonose, a possibilidade (muito) real da transmissão de certas doenças de animais para humanos - e um elemento central deste conceito.

One Health

Ora, One Health é, na sua essência, o resultado das interações e repercussões geradas na relação entre três elementos-chave: os humanos, os animais e o meio-ambiente. Todos estão intrinsecamente conectados e a saúde de cada um é absolutamente crucial para o equilíbrio global do nosso planeta.

Para além da supracitada zoonose, existem outras premissas igualmente importantes para que esta abordagem possa ser posta em prática. São elas o combate à resistência antimicrobiana - através de um aprofundamento cada vez maior do estudo acerca dos efeitos dos antibióticos e da implementação de uma utilização responsável nos animais -, saúde pública (física e mental) e a segurança alimentar.

Esta é uma diminuta parte da teoria, mas passemos diretamente à ilustração prática. Um caso evidente que ainda hoje continua a deixar um rasto de profundas mazelas, não só a nível de saúde, mas também em termos dos comportamentos e hábitos da sociedade, é o da pandemia de Covid-19. Um mais que provável exemplo de zoonose, segundo o classificou a própria Organização Mundial da Saúde (WHO), a propagação deste vírus teve uma repercussão a uma escala aterradora, num período de tempo igualmente assombroso. Sem existir uma confirmação oficial, tudo aponta para que este vírus se tenha disseminado a partir do mercado de Huanan, na China, onde o reduzido controlo de segurança alimentar terá sido o fator desencadeante. E isto é o que pode suceder quando não controlamos a 100% a origem dos produtos que consumimos - colocamo-nos a nós e a todos em risco. Neste caso, milhões e milhões de pessoas por todo o mundo.

Um excelente, mas trágico, exemplo das consequências que poderão advir quando descuramos da abordagem One Health.

Pergunto, então, o que pode cada um de nós fazer para que este conceito esteja mais perto de ser cumprido e menos incidentes deste género possam ocorrer?

O princípio básico é respeitarmos tudo à nossa volta, incluindo as outras pessoas e a nós mesmos. Para podermos respeitar, neste caso, é preciso ter o conhecimento suficiente sobre a dinâmica do mundo em que vivemos. Interferir o mínimo possível, e quando o fazemos ter plena consciência do que está em causa.

O princípio básico é respeitarmos tudo à nossa volta, incluindo as outras pessoas e a nós mesmos

É contrassenso invadir ecossistemas intocados pelo ser-humano em prol de lucros económicos, olvidando os seres que os habitam e o impacto brutal que terá para eles e que, mais tarde ou mais cedo, se repercutirá em nós.

Olhemos para o caso das Maldivas. Um país composto por um vasto aglomerado de ilhas no Oceano Índico e cuja principal fonte do PIB é ainda a pesca, secundada de muito perto pela indústria do turismo. Apercebendo-se do impacto brutal que a pesca intensiva (e exaustiva) provocava, o governo deste país decidiu valorizar a proliferação de riquezas que habitam nas suas águas azul-turquesa - a fauna marítima. E como o fizeram? Simples, em vez de prosseguir com o hábito milenar da pesca intensiva, colocando várias espécies em risco de extinção, decidiu protegê-las ao proibir a sua captura. Desta forma, e acrescentando à beleza natural inerente às suas ilhas, conseguiram encontrar uma âncora de atração para o turismo. Resumindo, em vez de pescar, optaram por preservar, atraindo mais pessoas, ano após ano, para o país. Foi, assim, encontrado um novo motor - One Health - económico para sustentar este paradisíaco destino.

Tal como há países que se aperceberam que a sua própria preservação e prosperidade depende diretamente destes princípios, também as marcas ? caso queiram sobreviver e prosperar - devem seguir o mesmo rumo.

Assumindo que One Health se desdobra em múltiplas formas, e não exclusivamente no contexto da preservação de espécies, a UPPartner reconhece a sua importância e procura implementá-la no seu dia a dia. Um exemplo concreto disso mesmo é a intervenção num convento, em Lisboa, que alberga mulheres de diferentes idades e com acentuadas limitações do foro mental. Sabendo que os momentos de alegria e felicidade são o açúcar da alma, levámos a cabo, por diversas vezes, ações de terapia cognitiva, através da utilização de cães de intervenção social. O feedback e, mais importante do que tudo, os sorrisos que recolhemos, não nos deixaram qualquer tipo de dúvida: One Health é o caminho certo a percorrer.

O princípio básico é respeitarmos tudo à nossa volta, incluindo as outras pessoas e a nós mesmos
por Bernardo Soares, Health Care Director
por Bernardo Soares, Health Care Director | 24 agosto 2023
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